O que acontece numa história?

No dia 11 de junho de 2015, como parte das minhas atividades junto à ABRIR, contei a história “Vi um bicho genial lá no fundo da quintal” para 14 alunos da escola suplementar de português, EBEL, localizada em Harlesden, Londres. Cecília Nunes, fundadora da escola,  foi professora do ensino fundamental em Minas Gerais por 33 anos e em 13 deles atuou, ainda, como diretora de escola. Assim, não é de se admirar que encontrei seus alunos alfabetizados, fluentes em português e, deste modo, capazes de acompanhar a história, com naturalidade. Foi uma sessão que durou duas horas e incluiu várias atividades.

Enquanto aguardava a chegada de todos os alunos, conversei com as crianças presentes sobre como se escreve uma história. Elas já sabiam bastante: “Precisa de um título”, disse uma criança. “E de desenhos”, disse outra. “Um plano”, falou outra. “Escrever muitas vêzes”, concluiu outra.

Na hora, expliquei-lhes que uma história tem um início, um meio e um fim. Então, brincamos de escrever uma história em conjunto. Sugeri o início: “Maria encontra um hipopótamo embaixo de sua cama” e lhes perguntei: “E, agora, o que acontece?” As crianças foram inventando cenas alternativas:

“Maria senta-se nas costas do hipopótamo”.

“E os dois vão para o parque”, alguém acrescentou.

“Não! O hipopótamo pula pela janela”, disse outra criança.

“Os dois viajam de avião”, sugeriu outra.

“O hipopótamo leva a menina para a sua casa, na água”, foi outra alternativa.

“Mas, se os dois pulam pela janela, o que acontece?” Eu lhes perguntei.

“Eles morrem”, disse uma menina, que depois se assustou com o final da história que ela tinha acabado de sugerir. Então, imediatamente reformulou o final, dizendo com um sorriso satisfeito: “o hipopótamo morre, mas a Maria não, porque ela cai em cima da barriga dele”.

Falamos ainda sobre a forma de escrever o texto e, então, brincamos de fazer rimas.

Após isso, comecei a contar a minha história.

vi-um-bicho-genial-la-no-fundo-do-quintal-comentarios

Todos quiseram participar quando usamos fantoches para resolver a adivinha do livro sobre “afinal quem é o bicho genial”.  Mas, também tentaram prever as próximas cenas da história e levantaram muitas perguntas.

Criancas adivinhando quem eh o Bicho Genial

Anne Lidia vai e vem

A última etapa da sessão – após o recreio – consistiu em pedir às crianças que reproduzissem a história em quatro cenas, por meio de desenhos. Nesta oportunidade, as crianças puderam examinar em detalhe as ricas ilustrações de Petra Elster no livro.

Enfim, foi uma experiência recompensadora. E, segundo, Cecília, as crianças se divertiram e aprenderam. Ela pretende utilizar o vocabulário da história no programa de sua próxima aula.